domingo, 1 de julho de 2012


TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar
Enfim, queria escrever algo, mas encontrei palavras tão preciosas que estão me traduzindo nesse momento que só cabe a mim publicá-las.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Como vencer uma guerra em que seu inimigo é você mesmo

Ontem de madrugada acabei despertando do meu sono e não conseguindo dormi mais. Devia ter levantado e me ocupado com qualquer coisa, mas meu corpo cansado pedia cama e prontamente o obedeci. O grande problema foi que a minha cabeça começou a trabalhar num ritmo frenético e sem que eu conseguisse em momento algum dominar os pensamentos. Para uma pessoa ansiosa e deprimida como estou é um verdadeiro martírio, pois não passa sequer uma lembrancinha boa na mente. É cada absurdo que vai sendo elaborado nesse turbilhão emocional, enxergo todas as possibilidades de coisas ruins que possam ocorrer com as pessoas que gosto e é tão intenso que sinto a dor e o sofrimento como se de fato tudo tivesse ocorrido. Mas, essa noite eu fui além, eu enchi de importância uma pessoa que me faz mal só em existir. É alguém que foi empurrada na minha vida e que desde que eu era adolescente me provoca tristeza, sem nem ao menos convivermos diretamente.
Hoje acordei me sentindo ainda pior porque não consigo lidar com minhas emoções, porque permito que pessoas tão desqualificadas me inflijam dor, porque sou fraca, tão fraca...
Agora, depois de analisar tudo que vivenciei durante a noite me ocorreu que nem mesmo essa pessoa horrorosa me faz tão mal quanto eu mesma.
Minha auto-estima é quase inexistente, dei pra ter pena de mim mesma e pra piorar dei para supervalorizar a importância de certos fatos e pessoas. Óbvio que não superestimo quem me quer bem, quem acredita em mim e sim os indivíduos e as ações que me fazem sentir ainda pior.
Sei de tudo isso, percebo todas essas nuances mas não consigo modificar a realidade. Por isso afirmo sem receio de errar que não há nessa terra maior inimigo meu do que eu mesma. Muito triste.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

A difícil arte de decidir

Pablo Neruda sabiamente escreveu: "Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências".
Li essa frase hoje numa postagem de uma amiga no facebook e desde então tenho refletido a cerca do meu processo de tomada de decisões. O que pude constatar é que as principais resoluções da minha vida foram tomadas com base em premissas equivocadas.
Algumas delas me renderam grandes dissabores, principalmente aquelas para as quais me deixei levar pelo impulso, daí toda a ansiedade patológica que me acomete sempre que sou compelida a decidir, mesmo as coisas mais simples.
Será que existe algum curso, tratamento alternativo, terapia ou qualquer coisa que ensine a tomar decisões?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Uma existência de opressão

Acordei com uma sensação de nó no peito, como se algo pressionasse meu pescoço e tórax com tamanha violência que o ar parecia enfrentar um exército para adentrar em meus pulmões. Poderia ser um princípio de infarte, mas essa possibilidade sequer passou por minha cabeça porque na verdade sei bem o que me acomete. Minha moléstia nada mais é que opressão.
Sinto-me oprimida pela vida, pelo desenrolar dos fatos, pelas coisas que não posso controlar e por aquelas que minha ausência de forças não me permite modificar.
Passei anos e anos bailando entre a vida que eu gostaria de levar e a vida real sem conseguir dar um passo que seja no sentido de conciliar ambas. Na verdade, nunca tive coragem suficiente para fazer qualquer dos meus sonhos virar um projeto genuíno.
Deixei-me ser conduzida pelo desejo de outros, por aquilo que eu achava que esperavam de mim. Me tornei adulta, mas quem comandava minha vida e comanda até hoje, embora me esforce para tomar as rédeas, é a criança que mora em mim.
Quando digo criança não me refiro a qualquer coisa de lúdico e sim a uma criatura programada para agradar. A forma de garantir atenção e afeição era me encaixar num molde projetado por um conjunto de pretensões e frustrações alheias.
Eram frases exaustivamente repetidas para uma menininha que provocavam um temor tão gigantesco que até hoje repercute na minha forma de conduzir, ou melhor, de não conduzir a vida.
A minha postura é de total submissão, ainda que eu aparente coisa bem diversa. E o fato é que todo submisso encontra quem o submeta. E eu encontrei vários, seja na minha breve vida profissional, seja no meu campo afetivo.
Uns exercem esse domínio de forma proposital, escancarada. Outros se portam assim sem perceber exatamente o que fazem. De qualquer modo é sempre uma tirania.
Até quando seguirei assim? Será que conseguirei fazer minha revolução pessoal? só o tempo dirá.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

O primeiro post a gente nunca esquece!

Não sei porque sempre que me sinto triste, angustiada ou ainda quando me vejo impressionada seja com pessoas, seja com lugares ou fatos tenho uma vontade arrebatadora de escrever.
Então escrevo como forma de extravasar, de aliviar a pressão que todas aquelas sensações me causam.
Escrevo também por querer compartilhar minhas impressões, experiências e descobertas. Não consigo carregar calada as minhas dores, mas consigo ainda menos não dividir os pequenos e grandes prazeres dessa jornada diária que é viver.
Pretensão de ser escritora eu tenho, na verdade, o sonho. Talento para tanto, ah esse eu não carrego.
Me falta em dom o que me sobra em boa vontade.